“A campanha para a eleição do Presidente da República não foi normal. Nada parece normal nas nossas vidas há muitos meses. Por mais que se diga que a política e a democracia não estão congeladas, por mais legitimidade que tenha sido conferida ao exercício democrático, por mais que se grite que não há emergência nem confinamento no processo eleitoral, a verdade é que o vírus, que corrói as nossas vidas, também está a corroer a eleição do Presidente.
A crise desmesurada que nos atormenta precisa de racionalidade, de sentido de responsabilidade, de serenidade, de nervos de aço, de refrear a ansiedade. Será cada vez mais difícil resistir. Tão difícil como incompreensível não ter sido possível adiar a eleição para uma data de menor emergência nem alterar o processo eleitoral criando condições adequadas a um voto em segurança.
Ainda assim, é preciso ficar em casa e é preciso não ficar em casa. Os tempos não podiam ser mais paradoxais. É necessário evitar o contágio e é preciso não delegar o nosso voto. Só deste modo é possível regressar a casa em segurança democrática. Mesmo que os nossos representantes nos vão desiludindo… é preciso votar.” por António José Teixeira, RTP